Economia Circular

O plástico no meio ambiente. Por que a mudança é inevitável?

Sustentabilidade é um dos principais indicadores para geração de valor e atração de investimentos para empresas de todos os tamanhos e atuar de maneira isolada das questões sustentáveis é condenar a sua organização a uma redução drástica nas perspectivas de sucesso no mercado.

Incorporar a preocupação com o meio ambiente e a sociedade como um todo é uma premissa básica e um caminho que não tem mais volta. E, se você ainda não vê essas duas questões como prioridades, saiba que essa postura influencia a visão que o mercado tem da sua empresa.

Um exemplo desse impacto é o Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE — que, desde 2005, é considerado um indicador importante da Bolsa de Valores para apresentar ao mercado as empresas alinhadas com uma visão de longo prazo. Basicamente, a função do ISE é fazer uma análise comparativa da performance das empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores oficial do Brasil, em relação à sustentabilidade corporativa, embasada em equilíbrio ambiental, eficiência econômica, justiça social e governança corporativa, ou seja, os pilares da ESG: sigla em inglês para Environmental, Social and Governance que estabelece, justamente, as diretrizes empresariais e de investimento que norteiam a preocupação com critérios de sustentabilidade, sem focar somente na lucratividade.

Acesse o site e confira todos os detalhes sobre esse índice tão importante.

A análise do ISE leva em consideração empresas que se comprometem com a sustentabilidade, criando um diferencial em termos de qualidade, nível de comprometimento com o desenvolvimento sustentável, equidade, natureza do produto, transparência e prestação de contas. Além disso, analisa o desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e em relação às mudanças climáticas.

Oportunidades de negócio com a economia circular

A necessidade de apontar perspectivas positivas é ainda maior na indústria do plástico, basta observar a reincidência do tema nas principais discussões de economia do mundo, como no World Economic Forum e no EFA (Economic Forum of the Americas).

Alguns exemplos regionais mostram que aderir à economia circular em suas operações pode ser uma tarefa bem-sucedida. A Natura é um exemplo, como informa a reportagem da revista Istoé Dinheiro: Economia circular propõe nova fórmula para produção e negócios. A empresa foi pioneira e, já na década de 1980, lançou seu primeiro sistema de embalagens com refil, o que ajudou a eliminar o descarte imediato do plástico. E a constante evolução levou a ter uma linha inteira, a Ekos, que utiliza 100% de material sustentável em suas embalagens.

Ou como o Chile que, a partir de 2018, mudou a fórmula do plástico e passou a substituir o petróleo pela pedra calcária, e conseguiu fabricar sacos plásticos de tecidos reutilizáveis solúveis em água e que não contaminam, conforme informou a agência AFP na época. A iniciativa foi conduzida por um grupo de empresários chilenos.

Existem muitas oportunidades para os convertedores que estiverem dispostos a atuar em resposta a esse cenário, implementando renovação, regeneração e inovação na indústria. Se você considerar que a população mundial gerou cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico, conforme um estudo da Universidade de Geórgia, (EUA), divulgado na revista Science Advances, há muito material a ser trabalhado dentro dos princípios da economia circular.

O estudo indica que os itens têm potencial para ser 100% utilizados na economia circular, mas o conteúdo elaborado pelos convertedores não é composto por biodegradáveis e, tampouco, foi pensado para o reuso. Ainda segundo a pesquisa, apenas 9% de tudo que foi produzido teve esse destino. Quanto ao restante, 12% foi incinerado e 79% foi acumulado em aterros sanitários e ambientes naturais.

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, a SUN (Fundação para Economia Ambiental e Sustentabilidade alemã) e a consultoria global McKinsey, se adotar princípios da economia circular, a Europa tem condições de aproveitar a revolução tecnológica que está emergindo para gerar um benefício líquido em torno de € 1,8 trilhão até 2030, valor superior à atual situação observada na economia linear, que está na ordem de € 0,9 trilhão.

A fundação estimou, ainda, que nos segmentos de produtos complexos, com vida útil de média duração, na União Europeia, as reduções de custo líquido anuais chegam a US$ 630 bilhões em uma perspectiva de economia circular de estado avançado.

Se pensarmos em bens de consumo de alta rotatividade, podemos identificar um potencial adicional de US$ 700 bilhões, em nível global. O Reino Unido poderia economizar US$ 1,1 bilhão por ano só em custos de aterros sanitários, além de distribuir 2GWh de energia elétrica, oferecer a restauração do solo e usar produtos especializados, evitando a transferência de resíduos orgânicos para os aterros.

Já na América Latina, os números mostram que precisamos evoluir quando o assunto é reciclagem. Afinal, como já explorado no texto sobre reciclagem mecânica, estamos perdendo dinheiro com a falta de destinação correta dos materiais. Só o Brasil deixa de lucrar R$ 14 bilhões por ano com a falta de reciclagem adequada do lixo conforme reportou a CNN, com base em dados obtidos da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

A região precisa correr para acompanhar o ritmo de outros países caso queira fazer parte da grande oportunidade que a economia circular apresenta, já que o modelo tem capacidade para fortalecer a economia mundial e gerar US$ 1 trilhão até 2025.

O vídeo abaixo, da Fundação Ellen MacArthur, debate outras oportunidades que a economia circular pode dar à América Latina.

De acordo com os estudos do Fórum Econômico Mundial, os resíduos de embalagens plásticas representam uma perda de US$ 80 a US$ 120 bilhões para a economia global a cada ano.

Para o convertedor, é importante que haja uma abordagem mais voltada ao modelo circular de economia, onde não apenas usamos menos embalagens, mas também as projetamos e desenhamos para que possam ser utilizadas, recicladas ou reutilizadas.

O que é preciso fazer hoje para um futuro economicamente sustentável

A transição para economia circular está em curso acelerado e, à medida que é colocada em prática, cria empregos e reduz os impactos ambientais, incluindo as emissões de carbono, sem falar na extraordinária redução de prejuízos econômicos que as organizações passam a experimentar. Já estamos diante de um cenário em que se intensificam as evidências de organizações, empresas e outros atores trabalham explicitamente para atingir essa meta.

Muitas empresas já se empenham no processo de definição da “estrada para uma nova economia”, com o fim de atender a um movimento global de empreendedores que usam o poder dos negócios para gerar impacto positivo na sociedade.

Implementação do modelo circular entre convertedores

É fundamental repensar tudo o que vem sendo feito na indústria e nos novos hábitos de consumo da sociedade que estão atentos às práticas nocivas ao meio ambiente, espaço em que as perspectivas de longo prazo retornam ao centro das atenções, de forma gradual e o modelo circular de crescimento ganha cada dia mais relevância para a próxima onda de desenvolvimento.

Em uma economia circular, os materiais são regenerados e fluem constantemente em torno de um sistema de circuito fechado, em vez de serem usados algumas vezes e depois descartados. Isso significa que o valor dos materiais, incluindo os plásticos, é recalculado após o seu descarte.

Usar os materiais de forma circular reverte em custos mais baixos e menos desperdício. Isso significa a conquista de novas fontes de valor para nossos clientes e consumidores, além de melhor gerenciamento de riscos de matérias-primas e abordagens aprimoradas da cadeia de suprimentos.

Por mais que essa análise de impactos e oportunidades da economia circular esteja apoiada em pressupostos e números colhidos da Europa, os desafios que enfrentamos são universais, portanto, as conclusões são perfeitamente aplicáveis aos convertedores latino-americanos.

Que o descarte do plástico não faz sentido para o meio ambiente, não resta dúvida, mas seu aproveitamento sob o prisma econômico ainda não está sendo explorado em todo seu grande potencial.

Na Prática
O caminho para avançar nessa mudança é acompanhar quem atua na evolução da cadeia do plástico.
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A economia circular é um tema dinâmico, mas você pode acompanhar a evolução dele por meio de associações, como:

A Rede de Cooperação Para o Plástico, que envolve todos os elos da cadeia.

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