Economia Circular e as certificações: Como selos e outros reconhecimentos impactam o negócio
As leis ambientais e a procura por um futuro sustentável têm estimulado a criação de dinâmicas corporativas para descarte correto e reuso de materiais. No Brasil, essas medidas resultaram na elaboração de certificações, que mudaram o cenário da logística reversa, de acordo com os princípios da economia circular.
Considerando as mudanças em curso na produção industrial, tornou-se necessário criar mecanismos de incentivo para que os produtos, que antes eram descartados, voltem à cadeia produtiva, rompendo com o conceito linear de extrair, produzir, consumir e descartar.
As certificações ajudam a comprovar que as instituições que possuem determinados selos realizam os processos adequados, ou seguem os princípios específicos exigidos durante sua execução. Nesse sentido, as métricas cumprem um papel fundamental para ajudar, também, no processo de gestão de resíduos, com implicações diretas na logística reversa.
Mas, isso tudo só é realmente válido quando a preocupação com a economia circular é autêntica e as certificações estejam amparando ações genuínas, e não meramente para promoção e marketing. O desafio, então, se concentra em como dar efetividade aos projetos.
Garantia de efetividade aos processos da economia circular
A implementação de certificações da maneira adequada, seguindo à risca os princípios da economia circular, é a pedra fundamental para garantir a preferência dos consumidores de hoje. Eles estão cada vez mais engajados na promoção de uma cadeia produtiva mais consciente, inovadora e focada nas demandas do mercado, que inclui fortemente conceitos de sustentabilidade.
É certo que políticas e instrumentos ambientais se fazem necessários, primeiramente, em razão dos custos e dos impactos dos resíduos. Sabemos que a geração infinita de resíduos afeta diretamente a natureza, desestabilizando o ecossistema, a economia e, consequentemente, a nós mesmos, como é possível ver, claramente, pelos acontecimentos climáticos recentes, como enchentes e incêndios, por exemplo.
Hoje, a sociedade é responsável, de forma compartilhada, pela gestão e pelo custo dos impactos causados pelo consumo ao meio ambiente e isso inclui fabricantes, distribuidores, comerciantes, importadores e consumidores. No entanto, a simples instituição da corresponsabilização já não era suficiente para garantir um comprometimento efetivo com a adequada gestão de resíduos. Isso levou à formalização de medidas mais assertivas por órgãos reguladores, como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que definiu a necessidade de comprovação do processo de logística reversa, pelas empresas, como condição para renovarem sua licença de operação.
As certificações surgiram, então, como forma de regulação das operações industriais e podem ocorrer em nível de acordo setorial, termo de compromisso e iniciativas privadas. Com isso, as certificadoras assumem o desafio de comprovar o processo de reciclagem a partir de 3 mecanismos: os pontos de entrega voluntário (PEV’s), a compensação ambiental e a doação.
Por meio da certificação, é possível formalizar o pagamento pelo serviço ambiental prestado pelas cooperativas (com emissão de nota fiscal), que podem ganhar autonomia econômica e contribuir para o desenvolvimento e a formalização do mercado de reciclagem no país.
Esses mecanismos tornam viável o alcance de metas de reciclagem realistas e estimulam os atores a atingi-las. Dessa forma, a sociedade promove a economia circular, com o engajamento mediado pela certificadora entre os participantes do ciclo de vida do produto. Essa conexão, então, permite o aumento do tempo de vida do produto, garantindo que volte à sua origem e seja transformado, e assegurando sustentabilidade, eficiência, economia e lucratividade.
Certificações ambientais
Os selos ambientais são certificados entregues às empresas que, comprovadamente, aderiram às práticas ecologicamente corretas de proteção e produção de serviços. Isso significa que suas ações não agridem o meio ambiente durante o desempenho de suas atividades, fato comum quando o assunto é extrativismo e tratamento de rejeitos sólidos.
Tais certificações se diferenciam quanto ao tipo de demanda e quanto à necessidade de cada ramo empresarial. Cabe, portanto, ao segmento industrial específico a decisão de qual é o selo mais adaptado à sua realidade. Confira, a seguir, os principais tipos:
A gestão ambiental também é um diferencial competitivo
É importante esclarecer que as certificações de sustentabilidade não devem ser apresentadas ao mercado apenas a título de imagem ecológica e socialmente correta. Só isso, obviamente, não é suficiente para garantir o sucesso da filosofia proposta pela economia circular.
Essa nova maneira de encarar os desafios do uso do plástico e seus impactos no meio ambiente devem integrar o novo modelo de negócios das empresas como forma de obter vantagem competitiva no mercado. Essa postura precisa considerar seriamente esse novo cenário, que inclui um consumidor exigente e vigilante das ações investidas pelas empresas no tocante à conservação dos recursos naturais. Uma coisa deve complementar a outra, em nome do bem-estar geral.
Assim sendo, o primeiro ponto a ser levado em conta é a redução de custos que um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) eficiente pode proporcionar ao empreendimento, uma vez que a conformidade legal evita penalidades ou multas por problemas resultantes do descumprimento de algum aspecto ambiental. Além disso, minimiza os desperdícios de matéria-prima e insumos, bem como elimina o risco de passivo ambiental e das despesas dele decorrentes.
A segunda questão a se observar é a melhoria da imagem da empresa em um cenário em que os consumidores preferem produtos mais sustentáveis. Por isso, o mercado reconhece e valoriza, cada vez mais, as organizações ambientalmente adequadas à essa conduta. Ademais, as instituições financeiras e as seguradoras avaliam o desempenho ambiental das organizações, gerando inúmeras vantagens competitivas no mercado. A participação delas é mais uma aliada essencial para o comprometimento com boas práticas ambientais, uma vez que a avaliação delas impulsiona uma postura mais consciente das empresas por meio das possíveis oportunidades de acesso ao capital no mercado. Ainda, o mapeamento dos processos do negócio proporciona uma melhor capacidade de inovação, promovendo o aperfeiçoamento contínuo.
Do mesmo modo que aconteceu no mercado de reciclagem na Europa, a tendência é que os instrumentos voltados aos programas de reciclagem sejam apoiados pelas medidas de responsabilização dos órgãos reguladores, bem como executados com praticidade e economia pelas certificadoras. Essas tendem, cada vez mais, a envolver as empresas na luta contra a produção crescente de resíduos.
De acordo com a ideia de que “uma coisa complementa outra”, podemos entender que a sensibilização dos envolvidos estimula a adoção de práticas conscientes, desde o momento da concepção das embalagens até as ações de marketing direcionadas ao público de interesse.
Obter certificações é pensar no futuro do seu negócio
Estamos vivendo um momento sem precedentes, no qual a economia circular é a palavra de ordem para as lideranças das marcas, as autoridades e os atores da cadeia produtiva. Sendo assim, os convertedores precisam incluir, na pauta dos negócios, a sustentabilidade e as certificações, cuidando para que isso não seja apenas uma ação de “fachada” e, sim, a maneira de construir uma empresa inovadora, lucrativa, responsável e que perpetue por gerações.
Instituições que fomentam o debate sobre os certificados
CETESB
Um exemplo é a CETESB, uma instituição comprometida com as regulações e acompanha um sistema de logística reversa de embalagens que realiza a comprovação da reinserção de materiais recicláveis na cadeia produtiva por meio de certificados