A importância dos indicadores na economia circular para a alta performance
Ao operar em um modelo de economia circular, as empresas de conversão da cadeia do plástico são capazes de obter resultados ainda melhores em seus negócios.
Partindo dessa premissa, é fundamental que tenham boas condições, ou seja, diretrizes e parâmetros para avaliarem a qualidade de sua produção, buscando entender qual é a real capacidade de geração de valor existente em seu produto. Nesse processo, ter métricas claras é fundamental.
A modificação do processo de produção de embalagens plásticas requer a união das empresas para, assim, atender às novas demandas de mercado. Por isso, os indicadores do grau de reciclagem são um ótimo início para que o plástico seja reinserido na cadeia produtiva após seu uso.
Em dezembro de 2008, passou a valer a norma da ABNT NBR 13230 (2008), que determinou a identificação de materiais plásticos por meio de símbolos: a medida concretizou um avanço importante e refletiu o desejo de entidades importantes do setor, como a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), que já indicava a necessidade de uma determinação que organizasse a classificação dos materiais. A simbologia técnica foi criada para facilitar o reconhecimento e a separação, fortalecer a cadeia de reciclagem, e revalorizar os materiais pós-consumo.
Em 2011, a ABRE firmou um pacto setorial com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Plano de Produção e Consumo Sustentáveis, com o intuito de incluir o símbolo de descarte seletivo nas embalagens de 1000 produtos por ano. A ação é alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos, e envolve sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal no processo de gestão de resíduos no País.
Os novos indicadores demarcaram uma evolução em relação às primeiras classificações genéricas dos polímeros. No contexto inicial da gestão de resíduos, essa classificação genérica era suficiente para orientar o segmento, que precisava apenas saber se uma embalagem poderia recuperar algum valor na cadeia do plástico. No entanto, a evolução da indústria demanda novas métricas, mais segmentadas e claras.
A evolução dos indicadores reflete no progresso da indústria do plástico
Com a diversificação dos produtos ofertados pela indústria, cresce a demanda por uma classificação que acompanhe esse movimento, deixando mais claro para o convertedor qual é o potencial de reciclagem do produto dele, possibilitando os consumidores a fazerem melhores escolhas e facilitando o trabalho das cooperativas na triagem e na destinação correta dos materiais.
Essa classificação mais genérica cria situações como a do número 7, definida como “outros”. Nessa categoria, encontram-se embalagens feitas de diversas combinações. Pelo fato de não entender qual a destinação para isso, a prática geral é encaminhar esse tipo de embalagem para um aterro, anulando completamente qualquer valor econômico, ambiental e social que possa ter.
Mercados avançados na reciclagem possuem métricas que refletem esse progresso. Na Europa, a reciclagem de plásticos cresce de forma intensa, representando € 3 bilhões em faturamento, envolvendo 500 empresas que reúnem cerca de 18 mil profissionais. Os indicadores na região começaram a ser estabelecidos individualmente em cada país, mas passam por um momento de estabelecer um padrão regional, dividindo a classificação não só pelo tipo de polímero usado como matéria-prima, mas também pelo tipo de produto ao qual aquele material é referente e também qual o tipo de técnica usada para a manufatura.
O mercado europeu também possui a Diretiva de Plásticos de Uso Único. Como mencionado no site www.packaginglaw.com, a norma “proíbe, a partir de julho de 2021, o uso de determinados produtos plásticos de uso único, considerados os mais encontrados como lixo marinho, como talheres (garfos, facas, colheres, pauzinhos), pratos, canudos, agitadores de bebidas e certos recipientes para alimentos e bebidas, além de copos feitos de poliestireno expandido, e produtos feitos de plásticos oxodegradáveis”.
Possivelmente, por conta dos acordos globais que pautam as negociações internacionais, essa medida deve ser irradiada para a América Latina. Por isso, mais do que se atentar com relação a esse tema, é importante se antecipar e avaliar os riscos para o seu negócio no caso de alguma inconformidade com esses pontos.
No Brasil, as empresas estão se movimentando, e criaram a Rede de Cooperação para o Plástico. Formada por todos os elos da cadeia estendida do plástico, a organização busca melhor qualidade dos indicadores, mas também ampliar a abrangência de atuação da indústria na reciclagem, por meio do fomento ao desenvolvimento de novas empresas que possam atuar em tecnologias de retrieve recycle, conceito que visa reduzir a dependência que a indústria tem de recursos naturais ao trabalhar com itens reciclados e recuperados, que demandam menos consumo de energia e água, por exemplo.
Outra iniciativa importante é a RecycleReady, da Dow, uma tecnologia que proporciona opção aos fabricantes e marcas de embalagens ao viabilizar a produção de “embalagens flexíveis mais sustentáveis que possam ser facilmente recicladas em programas simples de reciclagem de filmes de polietilenos (PE)”. Com acesso ao portfólio de resinas, adesivos e compatibilizantes da Dow, os fabricantes podem produzir embalagens sustentáveis e recicláveis, que podem ser facilmente recicladas por meio de fluxos existentes de reciclagem de filme de polietileno (PE), como programas de entrega em supermercados nos Estados Unidos e Canadá.
Além disso, esses pacotes se qualificam para o logotipo How2Recycle, rótulo que comunica ao público as instruções de reciclagem de forma clara. Ele foi criado a partir de uma coalizão de marcas, que estão capacitando os consumidores por meio de rótulos de embalagens inteligentes para que elas sejam recicladas.
O projeto Recycle Ready ainda não está disponível no Brasil.
Novas demandas por inovação incentivam melhoria operacional do setor
A evolução na classificação dos polímeros tem potencial para desencadear uma melhora operacional do setor como um todo, pois quando passamos a acompanhar o processo produtivo de forma sistêmica, naturalmente começamos a buscar melhores índices em todas as etapas, por exemplo, o custo de conversão e pegada de carbono.
Outro grande ganho está associado a novas demandas da indústria por inovação, também motivadas por essa classificação melhor segmentada. Com a clareza desses indicadores, teremos mais insumos para o desenvolvimento de tecnologias específicas para explorar o seu potencial de reciclagem, que hoje, inexiste.
Confira a lista com os tipos de plástico:
Conheça esses cases de implementação de indicadores
Enova Foods
A Enova Foods também entreu para o programa de compensação, com o selo “eureciclo”. Em pouco mais de um ano, 22% de todas as embalagens pós-consumo que comercializou foram compensadas ambientalmente. Na prática, isso significou a reciclagem de 234.947 toneladas de papel e 148.436 toneladas de plástico de embalagens pós-consumo. Todo o processo levou benefícios financeiros a 10 cooperativas de reciclagem, além de 2 (duas) operadoras privadas.
Korin
A empresa Korin, produtora de alimentos orgânicos, usa embalagens de diversos tipos de plástico e adotou o sistema de compensação em 2016. Além disso, segundo a coordenadora de marketing da empresa, a Korin assinou um pacote que prevê 100% de compensação, com um custo anual de R$ 12 mil reais. Afirma que, com poucas lojas, um sistema próprio de reciclagem seria muito complexo.